Perguntas e Respostas sobre Mpox

Qual foi a razão e/ou significado da declaração da MPox como emergência de saúde pública de interesse internacional?

No dia 14 de Agosto,o Director Geral da OMSdeclarou a MPox como emergência de saúde pública de interesse internacional devido ao agravamento da situação epidemiológica da doença. Em concreto devido aos seguintes aspectos: primeiro, verifica-se um aumento sem precedente dos números de casos, em particular em África. A título de exemplo, da Janeiro a Agosto do corrente registou-se um aumento de 160% no número de casos quando comparado com o mesmo período do ano passado. Segundo, há um alastramento geográfico da doença para países que nunca reportaram casos de MPox. Terceiro, em Setembro de 2023 surgiu uma nova variante do vírus, cujas evidências ainda preliminares sugerem ser mais transmissível em relação as restantes variantes.

A declaração da OMS tem como propósitos: incrementar o nível de atenção e de alerta global em relação a doença, mobilizar financiamento e recursos globais para o controlo da doença, melhorar a coordenação internacional, acelerar os esforços globais para desenvolvimento e produção de insumos para a resposta, incluindo vacinas e medicamentos, incluindo as autorizações para o seu uso emergencial e também para promover a rápida partilha de informação para melhor entendimento da natureza da doença.

O que é MPox ou varíola dos macacos?

A MPox é uma doença viral, causada pelo vírus do mesmo nome (vírus da MPox). Trata-se de uma zoonose, isto é, doença cujo reservatório primário ou a sua origem é animal, que, no entanto, adquiriu a capacidade de ser transmitida aos seres humanos. Ainda não se identificou o reservatório primário definitivo. Em Novembro de 2022, e seguindo as normas modernas de nomenclatura de vírus, a OMS alterou o nome da doença deixando de ser varíola dos macacos e passando a denominar-se MPox devido a actos de estigmatização sobre a doença e violência, a que os macacos passaram a ser vítimas. Assim sendo, o nome correcto da doença e que devemos usar largamente é MPox.

Como ocorre e quais são as formas de transmissão da MPox?

O MPox pode-se transmitir de diversas formas, no entanto a evidência científica gerada nos últimos 2 anos demonstra que a principal forma de transmissão é através do contacto físico directo com a pessoa infectada, como por exemplo via sexual, abraço, aperto de mão e beijo. O indivíduo infectado geralmente é infeccioso durante o período que apresenta sintomas da doença. Após a cicatrização das lesões na pele ou mucosa o doente não transmite mais a doença. Outras formas são: contacto com superfícies, objectos ou lençóis e roupa contaminados. Em algumas áreas rurais na África Central e Ocidental foram registados nos últimos 2 anos casos esporádicos de transmissão zoonótica, através de contacto com animais infectados, como roedores e primatas não humanos.

Quais são os sinais e sintomas da MPox?

O principal sintoma de doença é uma erupção cutânea em forma de borbulhas similares as da varicela, sarampo, rubéola e outras doenças exantemáticas. A erupção pode também ocorrer nas mucosas oral, genital e do olho, particularmente em pessoas infectadas pela clade II de MPox. Esta erupção pode ser acompanhada de febre, calafrios, dores musculares, dor de cabeça, aumento dos gânglios linfáticos (geralmente abaixo da mandíbula, no pescoço, axila ou virilha) e fraqueza. A dor é uma das queixas importantes dos doentes. A doença é auto limitada e na maioria dos casos, os sintomas são leves a moderados e desaparecem em 2 a 4 semanas sem deixar sequelas. Alguns pacientes podem ter complicações e formas graves. Isto pode ocorrer as pessoas com imunodepressão, que tem outras doenças concomitantes, pacientes com HIV não controlada.

Quais são as medidas de prevenção da doença? As medidas de prevenção são similares as da COVID-19?

É importante destacar que a MPox não é COVID-19. Ao contrário da COVID-19 que é uma doença respiratória cuja principal via de transmissão é a aérea, a principal forma de transmissão da MPox é o contacto físico directo, com a pessoa infectada e sintomática. Portanto, a MPox transmite-se com menos eficiência quando comparada à COVID-19 e por isso os especialistas acreditam ser improvável que se torne numa pandemia como foi a COVID-19. Assim sendo, as medidas de prevenção incluem: evitar o contacto físico directo com pessoa infectada ou com superfícies ou objectos (roupas, lençóis e toalhas) contaminadas por secreções ou fluidos de pacientes infectados. Limpar e desinfectar as superfícies ou objectos possivelmente contaminadas e praticar boa higiene individual e colectiva são acções importantes. Em locais onde se regista a transmissão zoonótica a prevenção deve incluir a necessidade de evitar o contacto com animais potencialmente contaminados. Além disso, as pessoas com MPox confirmada devem cumprir com o isolamento até que os sintomas desapareçam

Quantas variantes do vírus estão em circulação e qual é a mais severa?

O vírus MPox, a semelhança de outros vírus sofre mutações que resultam no surgimento de variantes. É um processo biológico natural dos vírus. No entanto, o ritmo de ocorrências das mutações no MPox é inferior ao SARS COV-2.  Desde Agosto de 2022, adoptou-se internacionalmente o nome de clades como nomenclatura das variantes do vírus MPox, com vista a seguir as normas modernas de nomenclatura de variantes. Actualmente existem 2 clades (variantes) com circulação bem estabelecida, o clade I que ocorre predominantemente em África e a clade II, que se alastrou globalmente para mais de 100 países em 2022. Em relação a sua severidade, historicamente, o clade I causa doença mais severa quando comparada ao clade II.

Ambas clades tem duas sub-variantes, nomeadamente as sub-variantes Ia e Ib para a clade I e sub-variantes IIa e IIb para o clade II. A sub-variante Ib é a mais recente variante genética, identificada pela primeira vez em Setembro de 2023. O facto de existirem diversas variantes com circulação bem estabelecida cujo perfil biológico e epidemiológicos é diferente, é considerado um dos factores que tornam complexo este surto global.

Como é feito o diagnóstico da MPox? O país tem capacidade para o diagnóstico da doença?

A suspeita clínica de infecção MPox com base nos sintomas é uma etapa fundamental do diagnóstio. No entanto, várias outras doenças podem se confundir com o MPox como anteriormente explicado. Por isso, é fundamental colher uma amostra e enviar para a testagem laboratorial com vista a confirmar ou descartar a doença. O diagneostico laboratorial é realizado usando uma técnica chamada Reacção em Cadeia da Polimerase (PCR). Para o exame, é feita a colheita preferencial dos fluidos ou secreções das erupções ou borbulhas da pele. Actualmente o nosso país dispõe de capacidade laboratorial para testar e confirmar os casos de MPox no laboratório central do Instituto Nacional de Saúde, bem como nos laboratórios provinciais de saúde pública.

Existe tratamento para esta doença? A doença tem cura?

Como a maior parte das doenças virais, em grande parte dos casos, a doença é auto-limitada, ou seja, os sintomas desaparecem em algumas semanas e o tratamento é para o alívio dos sintomas e também para prevenir e tratar as complicações e evitar sequelas. Entretanto, é importante notar que na maioria dos casos os sintomas são leves e moderados. As lesões cutâneas e mucosas causadas pela MPox, geralmente, cicatrizam naturalmente, sem deixar sequelas. Após o desaparecimento dos sintomas, o doente é considerado curado e pode regressar a sua rotina diária normal.

Nos últimos dias circulam informações sobre existência de doentes com MPox em Moçambique. O nosso país tem casos da doença?

Em Moçambique ainda não existem casos positivos para a MPox. Até ao dia 26 de Agosto, o país havia testado sete suspeitos de infecção pela MPox. Todos estes suspeitos tiveram resultado negativo para MPox. Importa referir que após a declaração da MPox como emergência de saúde pública de interesse internacional, o número de casos suspeitos em Moçambique incrementou, o que significa que o sistema de vigilância está em alerta máxima e tem uma alta sensibilidade. Contudo, até ao momento, ainda não temos, no país, casos confirmados de MPox.

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